No Brasil a partir da década de 60 as técnicas grupais foram sendo incorporadas no trabalho da Enfermagem, e na década de 80 é que surgem as primeiras pesquisas acerca deste tema, onde o enfermeiro utiliza o grupo para várias finalidades sem, no entanto, haver uma preocupação com a formação específica deste profissional para exercer o papel de coordenador de grupo.
A dimensão coletiva do trabalho do enfermeiro requer um conhecimento oriundo da dinâmica de grupo, que não se restringe a simples utilização de técnicas, mas sim da compreensão dos movimentos grupais com toda a sua complexidade.
Por não ter uma formação específica para isso, o enfermeiro se depara com grandes dificuldades quando enfrenta o mercado de trabalho e se vê frente a obstáculos na liderança, na comunicação, no relacionamento interpessoal, já que coordenar grupos não se constitui tarefa simples. O desenvolvimento das habilidades para a coordenação de grupos deve estar ancorado em um processo que possibilite ao aluno experimentar-se nos diversos papéis possíveis dentro do contexto do grupo. É fundamental nesse aprendizado, um referencial teórico que dê sustentação à compreensão dos diversos processos que ocorrem no interior dele e dos recursos que o coordenador precisa para o seu manejo.
De acordo com Moraes (2006) a compreensão desses movimentos grupais é um instrumento precioso, tanto para melhorar a eficácia das intervenções do coordenador, quanto para investigar e estimular os potenciais do próprio grupo.
Assim, consideramos que é necessário ao enfermeiro um ensino específico sobre a coordenação de grupos para que este possa atuar de modo mais adequado e com respaldo teórico que lhe permita uma leitura das forças que gravitam no interior dos grupos e equipes. Isso, certamente, lhe garantirá uma atuação mais segura e ampliará a sua capacidade para explorar todo o potencial transformador presente no contexto grupal. Uma das possibilidades de viabilizar esse aprendizado, por exemplo, é através do modelo de Educação de Laboratório que trabalha as dimensões cognitiva, emocional, atitudinal e comportamental. Na Enfermagem, experiências que utilizam esse recurso na formação do enfermeiro mostraram resultados positivos e adequação dessa tecnologia ao ensino dessa temática.
Caracterizando os aspectos estruturais dos grupos
Embora as atividades em grupos façam parte do cotidiano de muitos profissionais e sejam desenvolvidas até de forma automática é importante dizer para algumas condições podem contribuir para o seu êxito ou fracasso. Tais condições são desenhadas em diversos planos, que vão desde aspectos estruturais de funcionamento até sua dinâmica interna e das inter-relações.
Segundo Munari (2003) uma das formas de identificarmos o tipo de trabalho de grupo é através dos seus objetivos que geralmente definem o perfil da atividade.
Quanto aos objetivos um grupo pode:
Oferecer suporte: ajudando pessoas durante períodos de ajustamento à mudanças, no tratamento de crises ou ainda na manutenção ou adaptação a novas situações.
Realizar tarefas: é a etapa de experimentar ou re-experimentar a realização de determinadas tarefas.
Socializar: os grupos usados com esse objetivo em geral podem ajudar pessoas que tiveram algum episódio de perda e que interromperam seus vínculos sociais.
Aprender mudanças de comportamentos: a tarefa de grupos com esse objetivo é ajudar pessoas a alterarem ou buscarem comportamentos mais saudáveis que podem ser aprendidos.
Treinar relações humanas: grupos dessa natureza surgiram com o objetivo de melhorar as relações de trabalho de seus participantes.
Oferecer psicoterapia: destina-se ao tratamento de pessoas conduzido pelo terapeuta com o objetivos de mudanças de comportamento.
Outra variável que podemos usar para diferenciação de tipos de grupos é a estrutura grupal, e esta pode estar baseada em alguns pressupostos que são fundamentais na determinação do funcionamento da atividade.
Tipo de participantes: a definição dos membros que farão parte dos grupos talvez sejam o principal aspecto dessa estrutura, pois esta diretamente ligado as capacidades do membros para contribuírem com os objetivos dos mesmos.
Nível de prevenção: em geral está ligado ao tipo de cliente que é considerado como membro do grupo pois a partir dos mesmos, serão traçadas as metas do que se pretende atingir com essa clientela específica.
Grau de estrutura: esse parâmetro dependerá do tipo de funcionamento e organização interna do grupo.
A orientação teórica: define o funcionamento do grupo dependendo da orientação que o líder ou terapeuta utiliza para a condução do mesmo.
Variáveis físicas: adequação das condições físicas do ambiente onde vai se realizar o grupo são fundamentais para que ele aconteça .
Instilação de esperança: é um movimento importante no relacionamento intragrupal, é a esperança na cura ou no que as coisas podem ser diferentes que oferece aos participantes estímulo para se manterem no grupo.
Universalidade: é como se fosse um reforço ao incentivo da esperança é um movimento que se revela através da exposição de experiências comuns, do aprendizado de que os membros não estão sozinhos.
Oferecimento de informações: inclui todas as orientações importantes ao membro do grupo, sendo ou não o objetivo central da atividade, congrega uma relativa quantidade de informações que podem ser oferecidas durante o trabalho de grupos de saúde.
No que se refere à atuação do enfermeiro frente às ações de promoção à saúde, as atividades grupais parecem ser cada vez mais utilizadas ao longo dos anos. Essa tendência exige um preparo específico do enfermeiro para um melhor desempenho técnico-científico, o que lhe torna capaz de fazer mais visível sua intervenção através dessa tecnologia.
Enfim, grupo não é um mero ajuntamento de pessoas, mas, um sistema identificável, composto de três ou mais indivíduos que se engajam em tarefas a fim de atingirem um objetivo comum. Seus membros devem relacionar-se uns com os outros em torno de tarefas e objetivos. Deve ser visto como sendo um conjunto de indivíduos que são, até certo ponto. Interdependentes.